domingo, 21 de outubro de 2012

Brasileiros continuam a vir para a Europa apesar da Crise Econômica.


A crise econômica na Europa não assusta brasileiros que continuam a migrar para os países europeus em busca de turismo, trabalho, estudo ou melhores condições de vida. Prova disso são as estatísticas de crescimento que os destinos europeus apresentam desde 2010, os quais demonstram o grande interesse do viajante brasileiro em conhecer as atrações históricas, culturais, gastronômicas, e muitas outras do continente europeu.
Países como Alemanha, Austría e Espanha constam como os destinos preferidos dos brasileiros. Neste cenário de crise econômica, Grã-Bretanha e Alemanha ainda não afetados pela crise constam como os melhores lugares ainda para se buscar trabalho e morar mas países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia também despertam o interesse de muitos brasileiros, apesar de nesses países as dificuldades econômicas já serem bem abrangentes.
Conversei com dois brasileiros que estão em situações distintas aqui na Europa sobre os motivos que os trouxeram para cá e os aspectos que são mais relevantes em relação à sua atual situação.

Crédito Foto:Bárbara Postal.

Ela é Bárbara Graziela Postal, estudante do curso de Farmácia, 22 anos que morava em Florianópolis–SC e que ficará 12 meses em Caen, na França.

Crédito Foto: Carlos Frank

Ele é Carlos Alberto Frank, professor e músico pianista, de 43 anos, que morava em Salvador–BA e que hoje mora em Berlin, Alemanha.

Como era a sua vida e rotina no Brasil?
Bárbara: A minha vida era basicamente a faculdade e um laboratório onde fazia iniciação científica e aos finais de semana saia com amigos.
Carlos: Às 5hs da manhã acordar e caminhar 7 km até a escola onde eu dava aulas ininterruptas até às 22h30. Não havia esperança de crescimento profissional ou financeiro. Sempre lutando pelas migalhas que se ganhava por aulas educando milhares de alunos ao longo de 20 anos de carreira.

Quais eram seus planos de vida no Brasil?
Bárbara: Terminar meu curso de graduação e iniciar mestrado e doutorado para seguir vida acadêmica e/ou tentar concursos públicos.
Carlos: Meus planos eram de conseguir alguma forma de sair do Brasil uma vez que eu não via lá nenhuma possibilidade de crescimento profissional ou cultural dentro do contexto que eu vivia.

Quando surgiu a ideia de vir para a Europa?
Bárbara: Eu tinha a ideia de vir para a Europa somente para fazer doutorado sanduíche, mas quando surgiu essa oportunidade pelo programa Ciência sem Fronteiras de fazer a graduação sanduíche, não pensei duas vezes.
Carlos: Aos 15 anos de idade quando vi que minha carreira profissional não teria futuro no Brasil e que eu não contaria com a participação de absolutamente ninguém para apoiá-la passei a dedicar-me a esse objetivo que durou muitos anos para ser concretizado por conta basicamente das condições financeiras em que eu vivia, quase próximo da miséria. Desde adolescente portanto eu já mandava dezenas de cartas para as embaixadas alemã, suiça e outras onde eu via que o ser humano é considerado mais que um ferramenta de trabalho descartável.

tinha estado em outra oportunidade fora do Brasil, onde e relate alguma experiência.
Bárbara: Nunca havia estado anteriormente.
Carlos: Nunca havia saído antes do Brasil. A primeira e definitiva vez foi em meu aniversário de 38 anos, em 25 de janeiro de 2007.

Qual a perspectiva que você faz agora que está na Europa?
Bárbara: A minha perspectiva é aprofundar ainda mais meus estudos e minha vida profissional.
Carlos: Agora que finalmente depois de anos lutando por documentos e depois por trabalho e moradia, finalmente esse ano estou podendo fazer planos concretos de fazer umas economias e continuar dedicando-me à língua para futuramente voltar a trabalhar dentro da minha profissão.

O que é mais impactante na Europa em relação ao Brasil.
Bárbara: Acredito que o investimento em pesquisa, aqui os laboratórios de pesquisa são melhores, no quesito de materiais e espaço físico.
Carlos: O mais impactante é saber que quem vive na Europa como ilegal (ainda que com todas as dificuldades devido a isso) tem uma vida mais digna que um cidadão brasileiro em seu próprio país.

Sente saudades da família, amigos e de sua antiga vida?

Crédito Foto: Bárbara Postal

Bárbara: Sinto muita saudade dos meus amigos e família, da rotina no Brasil, mas aqui está muito bom, não voltaria ainda não.
Crédito Foto: Carlos Frank

Carlos: Sentia muitas saudades de meu filho, pois quando eu vim ele ficou no Brasil, porém consegui há dois anos, depois muita luta trazê-lo pra cá e assim dar-lhe também uma oportunidade de ter um futuro digno.

Quais são os seus planos para o futuro?
Bárbara: Retornar ao Brasil e fazer mestrado, doutorado e prestar concursos públicos, tanto na área acadêmica como outras.
Carlos: Futuramente voltar a trabalhar dentro da minha profissão.

Deixe uma mensagem aos brasileiros que gostariam de vir para a Europa.
Crédito Foto: Bárbara Postal

Bárbara: Acho totalmente válida a experiência de vir para a Europa, além da experiência de vida que se adquire, o fato de conhecer culturas e pessoas diferentes é um acréscimo muito grande na vida de qualquer um. Viver uma realidade diferente é muito importante para nosso crescimento pessoal e profissional, aconselho todos a virem.

Crédito Foto: Carlos Frank

Carlos: Se você tem coragem, disposição e suporta condições adversas de vida em prol de no futuro conseguir algo melhor: Tente!

Para aqueles que sempre tiveram vontade mas nunca saíram do Brasil, seguem alguns links abaixo referentes aos termos utilizados na entrevista.
Graduação Sanduíche: 
http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/
Turismo Mochileiro: http://www.mochileiros.com/