quinta-feira, 20 de maio de 2010

Bulling e chateações afins

Nos dias de hoje, em pleno 2010, século XXI, o que mais ouvimos na mídia é uma palavra que foi nacionalizada de um termo em inglês, o Bulling. Mas o que é bulling? Lembra quando você era criança e lá na escola tinha os seus amiguinhos? Então, nessa fase escolar, sempre tem alguém acima do peso, que logo recebe o apelido de nho-nho, bolota, bolo-fofo, e por aí vai. Por outro lado, tem aquele que é o salsicha, o tripa-seca, o varetão, etc. Isso sem falar naquela fase fantástica onde todos que você vai chingar, antes do palavrão você cita o nome da mãe do indivíduo ou atribui à mãe o chingamento.
Pois então, no meu tempo de criança isso era saudável. Cresci em meio à isso tudo, tive apelidos, ajudei a criar outros, tanto para mim quanto para outros colegas. Por onde andava era reconhecido, por vezes mais pelo apelido do que pelo próprio nome. Fiz muitas amizades, hoje posso considerar que sou muito conhecido devido à essa época de chateação nos tempos de escola. Meus amigos também tem histórias iguais à minha e também não desenvolveram qualquer tipo de trauma referente aos apelidos que tinham. Todos somos hoje homens de bem e muito bem resolvidos com um comportamento centrado.
Mas hoje a mídia, pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, psiquiatras, sociólogos, entre outros especialistas afirmam que essa prática que um dia já foi saudável, hoje age de forma depreciativa no caráter do indivíduo, tornando-o um ser isolado do convívio social, estressado, revoltado e por vezes violento. O que ninguém percebe é que esta prática, hoje rotulada como bulling e que já foi algo saudável entre jovens e crianças, nada tem a ver com os comportamentos de violência destas pessoas.
Todos se esquecem que as instituições que são o alicerce da Sociedade estão em falência há muito tempo. A Igreja já não cumpre mais o seu papel e não há mais respeito por padres e sacerdotes, pois estes já mancharam às tantas a sua reputação em meio a diversos escândalos de envolvimento em casos de pedofilia e pederastia, na maioria das vezes, com jovens e crianças da própria comunidade. A Família é outra instituição que vem sendo corroída há tempos, em parte pelo individualismo que a vida moderna proporciona, cada indivíduo da família num canto da casa, cada qual com seu computador, cada qual com a sua televisão, quando precisam falar entre sí ou ligam para o celular da pessoa ou então deixam uma mensagem pelo e-mail.
O Capitalismo como sistema econômico dominante e o ritmo de vida estressante, competitivo e desumano é quem proporciona estes comportamentos violentos, alteração dos sentimentos e inversão de valores nos indivíduos, onde somos todos vítimas, embora queiramos condenar outras práticas como as responsáveis.
Até que se mude a forma na qual vivemos e ganhamos a vida, até que as instituições que são alicerces da sociedade ressuscitem como pedras fundamentais na formação do ser humano nada irá mudar. O bulling é em sí uma prática saudável entre crianças que não tem malícia e entre jovens, que ainda que tenham malícia não o fazem por mal. Temos é que buscar a cada dia tomar cada um destes revéses como força para continuar a difícil batalha da vida, onde nada é fácil, ao invés de proibirmos esta prática e termos num futuro bem próximos adultos que não sabem lidar com sentimentos ruins mas que podem ser canalizados para o bem, algo muito grave para uma sociedade.

Um comentário:

  1. Bulling...realmente está sendo a discussão do momento e instituições como a Escola trabalham o tema juntamente com conceitos da tolerância, do respeito e solidariedade. Não que todo esse conteúdo não sejam de grande importãncia para a formação do ser social, porém, apresentar o lado saudável de conviver com as diferenças através da expressão (o que em parte pode é realizada através do bulling)hoje é muito raro.
    Apresentam apenas o lado depreciativo, mas não discutem a liberdade de exprimir o que sente, a opinião e o desgosto.
    O texto "Bulling e chateações afins" coloca uma nova perspectiva,o que é desejável para que o senso crítico não fique nos jargões e na pobreza dos saberes ignorantes.
    Parabéns!

    Beth

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