A
crise econômica na Europa não assusta brasileiros que continuam a
migrar para os países europeus em busca de turismo, trabalho, estudo
ou melhores condições de vida. Prova disso são as estatísticas de
crescimento que os destinos europeus apresentam desde 2010, os quais
demonstram o grande interesse do viajante brasileiro em conhecer as
atrações históricas, culturais, gastronômicas, e muitas outras do
continente europeu.
Países
como Alemanha, Austría e Espanha constam como os destinos preferidos
dos brasileiros. Neste cenário de crise econômica, Grã-Bretanha e
Alemanha ainda não afetados pela crise constam como os melhores
lugares ainda para se buscar trabalho e morar mas países como
Portugal, Espanha, Itália e Grécia também despertam o interesse de
muitos brasileiros, apesar de nesses países as dificuldades
econômicas já serem bem abrangentes.
Conversei com dois
brasileiros que estão em situações distintas aqui na Europa sobre
os motivos que os trouxeram para cá e os aspectos que são mais
relevantes em relação à sua atual situação.
Crédito Foto:Bárbara Postal.
Ela
é Bárbara
Graziela
Postal, estudante
do
curso
de
Farmácia,
22 anos que morava em
Florianópolis–SC e que ficará 12 meses em Caen, na França.
Crédito Foto: Carlos Frank
Ele
é Carlos
Alberto Frank, professor e músico pianista, de 43 anos, que
morava em Salvador–BA e que hoje mora em Berlin, Alemanha.
Como
era
a
sua
vida
e
rotina
no
Brasil?
Bárbara:
A
minha
vida
era
basicamente
a
faculdade
e
um
laboratório
onde
fazia
iniciação
científica
e
aos
finais
de
semana
saia
com
amigos.
Carlos:
Às
5hs da manhã acordar e caminhar 7 km até a escola onde eu dava
aulas ininterruptas até às 22h30. Não havia esperança de
crescimento profissional ou financeiro. Sempre lutando pelas migalhas
que se ganhava por aulas educando milhares de alunos ao longo de 20
anos de carreira.
Quais
eram
seus
planos
de
vida
no
Brasil?
Bárbara:
Terminar
meu
curso
de
graduação
e
iniciar
mestrado
e
doutorado
para
seguir
vida
acadêmica
e/ou
tentar
concursos
públicos.
Carlos:
Meus
planos eram de conseguir alguma forma de sair do Brasil uma vez que
eu não via lá nenhuma possibilidade de crescimento profissional ou
cultural dentro do contexto que eu vivia.
Quando
surgiu
a
ideia
de
vir
para
a
Europa?
Bárbara:
Eu
tinha
a
ideia
de
vir
para
a
Europa
somente
para
fazer
doutorado
sanduíche,
mas
quando
surgiu
essa
oportunidade
pelo
programa
Ciência
sem
Fronteiras
de
fazer
a
graduação
sanduíche,
não
pensei
duas
vezes.
Carlos:
Aos
15 anos de idade quando vi que minha carreira profissional não teria
futuro no Brasil e que eu não contaria com a participação de
absolutamente ninguém para apoiá-la passei a dedicar-me a esse
objetivo que durou muitos anos para ser concretizado por conta
basicamente das condições financeiras em que eu vivia, quase próximo
da miséria. Desde adolescente portanto eu já mandava dezenas de
cartas para as embaixadas alemã, suiça e outras onde eu via que o
ser humano é considerado mais que um ferramenta de trabalho
descartável.
Já
tinha
estado
em
outra
oportunidade
fora
do
Brasil,
onde
e
relate
alguma
experiência.
Bárbara:
Nunca
havia estado
anteriormente.
Carlos:
Nunca
havia saído antes do Brasil. A primeira e definitiva vez foi em meu
aniversário de 38 anos, em 25 de janeiro de 2007.
Qual
a
perspectiva
que
você
faz
agora
que
está
na
Europa?
Bárbara:
A
minha
perspectiva
é
aprofundar
ainda
mais
meus
estudos
e
minha
vida
profissional.
Carlos:
Agora
que finalmente depois de anos lutando por documentos e depois por
trabalho e moradia, finalmente esse ano estou podendo fazer planos
concretos de fazer umas economias e continuar dedicando-me à língua
para futuramente voltar a trabalhar dentro da minha profissão.
O
que
é
mais
impactante
na
Europa
em
relação
ao
Brasil.
Bárbara:
Acredito
que
o
investimento
em
pesquisa,
aqui
os
laboratórios
de
pesquisa
são
melhores,
no
quesito
de
materiais
e
espaço
físico.
Carlos:
O
mais impactante é saber que quem vive na Europa como ilegal (ainda
que com todas as dificuldades devido a isso) tem uma vida mais digna
que um cidadão brasileiro em seu próprio país.
Sente
saudades
da
família,
amigos
e
de
sua
antiga
vida?
Crédito Foto: Bárbara Postal
Bárbara:
Sinto
muita
saudade
dos
meus
amigos
e
família,
da
rotina
no
Brasil,
mas
aqui
está
muito
bom,
não
voltaria
ainda
não.
Crédito Foto: Carlos Frank
Carlos:
Sentia
muitas saudades de meu filho, pois quando eu vim ele ficou no Brasil,
porém consegui há dois anos, depois muita luta trazê-lo pra cá e
assim dar-lhe também uma oportunidade de ter um futuro digno.
Quais
são
os
seus
planos
para
o
futuro?
Bárbara:
Retornar
ao
Brasil
e
fazer
mestrado,
doutorado
e
prestar
concursos
públicos,
tanto
na
área
acadêmica
como
outras.
Carlos:
Futuramente
voltar a trabalhar dentro da minha profissão.
Deixe
uma
mensagem
aos
brasileiros
que
gostariam
de
vir
para
a
Europa.
Crédito Foto: Bárbara Postal
Bárbara:
Acho
totalmente
válida
a
experiência
de
vir
para
a
Europa,
além
da
experiência
de
vida
que
se
adquire,
o
fato
de
conhecer
culturas
e
pessoas
diferentes
é
um
acréscimo
muito
grande
na
vida
de
qualquer
um.
Viver
uma
realidade
diferente
é
muito
importante
para
nosso
crescimento
pessoal
e
profissional,
aconselho
todos
a
virem.
Crédito Foto: Carlos Frank
Carlos:
Se
você tem coragem, disposição e suporta condições adversas de
vida em prol de no futuro conseguir algo melhor: Tente!